terça-feira, 14 de setembro de 2010

Sem choro nem vela


Quem presta um pouquinho de atenção na realidade política brasileira, já pode antever o discurso da nata ignara daqui um ano. Confirmado nas urnas o que as pesquisas mostram, a ladainha de sempre será ouvida: “Político é tudo igual, promete uma coisa e entrega outra”; “O PT traiu suas origens”; “Dilma não presta”; “os Deputados não prestam”; “os Senadores não prestam”, e o mesmo discurso “coitadista” de sempre.

O brasileiro acostumou-se com o papel de eterno cidadão de boa-fé que – coitadinho – é constantemente enganado, explorado, espoliado por políticos de fala mansa que “só aparecem de quatro em quatro anos para pedir voto”.

Nesta eleição, feliz ou infelizmente, o discurso vai finalmente soar como o que realmente é: Muxoxo de um povo que tem se aprofundado cada vez mais na venalidade e que desde a chamada redemocratização, insiste em brincar com o perigo.

Não soarão hipócritas os brados indignados de repórteres e jornalistas em geral, diante da imposição de censura, fechamento de órgãos de imprensa e perseguição destes profissionais? Ora, o PT vem, há oito anos anunciando ao som de trombetas qual o destino pretende dar à este setor da sociedade. Anunciou em seu IV congresso, organizou a tal CONFECOM, de onde saiu um sem número de propostas neste sentido, às incluiu no PNDH III e até mesmo no programa de governo de sua candidata à presidência. Ainda assim, a chamada mídia manteve-se inerte e cheia de dedos. Soaria muito “tucano” chamar a coisa pelo nome que ela tem: Censura. No momento em que jornalistas começarem a ir em cana por conta de seu ofício, será o primeiro caso na história do mundo em que burrice dá cadeia.

Não será patético ouvir de empresários que hoje cobrem petistas de reverências e salamaleques, a acusação de incompetência, no momento em que a conta dos gastos absurdos com a máquina pública começarem a cobrar seu preço sob a forma de quebradeira geral? Não é de hoje que economistas mundo afora advertem que o Brasil tem elevado seus gastos correntes de forma irresponsável, chocando um ovo de serpente que irá cobrar seu preço.

A auto-proclamada oposição, que de oposição não tem nada, poderá assistir de camarote – talvez com direito a duas refeições diárias e uma hora de banho de sol (como bem sabe o Sr. Penã Eclusa da Venezuela) – que a “estratégia” desenvolvida em 2005, no ápice do escândalo do mensalão, de “sangrar” Lula até as eleições, talvez não tenha sido tão brilhante. Também não poderão se dizer enganados. Se forem honestos, se recolherão à sua insignificância intelectual.

Também não poderão reclamar os militares. Seus reclamos, na realidade, já soam patéticos hoje. Em vinte e cinco anos à frente do governo, se jactam de terem construído estradas, pontes, hidroelétricas, de mandarem “prender e arrebentar”, de terem “vencido o comunismo”, etc, quando na verdade bastava um único e singelo investimento : Educação.

Ao invés disso, sob o pretexto de barrar a subversão, criaram o campo fértil sem o qual o tal “comunismo” não se cria: Ignorância. Tivessem investido no aprimoramento intelectual do povo – esse que certa elite nacional despreza como meros outorgantes das demandas nacionais – e faltaria ao PT a massa de manobra da qual se utilizam para impor suas demandas e seus candidatos. Com medo do Brizola – pobre Brizola – nos deram Lula. Agradeçamos ao Golbery.

As forças armadas têm conhecimento, desde sempre, da existência do Foro de São Paulo, de seus objetivos e da íntima ligação entre seus membros (leia-se FARCS – PT). Não moveram uma palha para fazer cessar o vilipêndio da nação brasileira, cuspindo no juramento que proclamaram ante o pendão nacional.

Quando brasileiros foram expulsos do Estado brasileiro de Roraima por conta da malfadada criação da reserva Raposa Serra do Sol, um único militar ousou se levantar contra isso: O General Augusto Heleno. Ao que se saiba, nenhuma voz se levantou em coro aos seus brados. Tal qual funcionários públicos fardados, preferiram garantir seus vencimentos e aposentadorias. Do que reclamarão daqui um ano, sem também que se sinta o cheiro nauseabundo da hipocrisia?

Então fica assim: teremos uma terrorista que se orgulha de seus feitos terroristas na presidência; como Senadores por São Paulo, uma socialite que, diante de uma calamidade como foi o “caos aéreo” sugere ao povo que “relaxe e goze” e um pagodeiro que bate em mulher; e como Deputado Federal, um palhaço assumido que faz questão de dizer que não sabe sequer o que vai fazer se eleito, além de conquistar outra vaga para um mensaleiro.

Diante deste cenário, o brasileiro está conquistando o direito de usufruir das consequências de suas escolhas nefastas, sem choro nem vela.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom. Opinião de quem tem o que dizer. Parabéns

Dédis disse...

Fantástico Texto Blandy! Bjs Dédis

Dédis disse...

Ahhh vc deveria escrever mais amigo! bjs Dédis