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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Se fosse para levar a sério

Acho que hoje sou o único brasileiro contrário à demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol que não acordou com aquela cara de frustração, diante do que se viu ontem no Supremo Tribunal Federal. Não me frustrei porque há muito aprendi a prever as decisões do Estado brasileiro e isso faz com que, eu possa curtir minha fossa bem antes dos outros.

Não leitor, não sou dotado de nenhum tipo de percepção extra-sensorial e nem tampouco me qualifico como algum tipo de “intelectual”, voltado aos estudos das coisas da Nação. Sou uma pessoa de inteligência mediana que simplesmente descobriu o “pulo do gato” para antever as decisões do governo. Não é difícil, qualquer um pode conseguir.

Primeiro passo: selecione uma determinada questão que está prestes a ser resolvida por algum dos três poderes, ou algum assunto polêmico em vias de ser pacificado.

Segundo passo: imagine a solução que se mostre pior, mais ineficaz ou absurda dentre as possíveis. No caso de ser uma questão polêmica, selecione, dentre as soluções em debate, aquela que poderá trazer maiores prejuízos ao país, ao povo ou até mesmo ao seu bolso, se você quiser bancar o individualista. Pronto: Você já identificou qual é a solução que será defendida pelo Partido dos Trabalhadores.

Daí para a frente fica fácil. Como o PT hoje domina o Legislativo - onde detém maioria de votos e mantém uma minoria restante sob o cabresto de dossiês - o Judiciário - onde na mais alta Corte do país, já existe um grande número de Ministros indicados pelo atual governo – e a grande mídia - formada em sua maioria pela esquerdinha festiva que não consegue enxergar além dos próprios narizes - provavelmente a solução defendida pelo governo será adotada. Pode demorar um pouquinho, mas que ela será adotada será.

Utilizemos como exemplo a decisão de ontem:

A manutenção da reserva tal qual os padrecos de cocar e os índios de note book queriam já estava garantida pelo STF desde sempre. Só adiaram a coisa até o momento em que a Polícia Federal pudesse identificar os possíveis focos de resistência à medida, a fim de se posicionar de forma a neutralizá-los, afinal, uma carnificina entre índios e brancos em pleno século XXI seria uma péssima propaganda para um governo dito “progressista”.

Desde o governo FHC, a mais alta corte do país, longe de manter sua função de guardiã da Carta Magna, se transformou em um órgão auxiliar do governo de plantão. Prescindindo de proferir decisões à luz da Constituição Federal, passou a adotar o posicionamento menos maléfico aos interesses da instituição “governo”. Exemplos não faltam:

CPMF: Mesmo saltando aos olhos a inconstitucionalidade do tributo, o STF entendeu que o mesmo era perfeitamente legítimo, pelo simples fato de que a receita era imprescindível ao Governo FHC naquela época.

MENSALÃO: A mídia brasileira e os tontos de plantão correram para bradar que o país estava finalmente punindo a corrupção, quando, na verdade, o recebimento da denúncia dos mensaleiros era desejada pelo próprio governo, já que pôde alimentar o discurso de que “cortou na própria carne” para acabar com a corrupção. A verdade é que quase todos eles continuam lépidos, com seus mandatos renovados e sem incômodos. Não existe previsão para que sejam julgados e, provavelmente, quando isso ocorrer, a maioria dos crimes pelos quais foram denunciados estarão com a punibilidade prescrita, ou seja, ninguém irá em cana.

Diante desse histórico, entre delimitar a reserva Raposa Serra do Sol em ilhas, resguardando a soberania nacional, os interesses do Estado de Roraima, e o direito adquirido de proprietários de terra, e adotar uma reserva contínua onze vezes maior do que a cidade de São Paulo para abrigar menos de vinte mil índios, expulsar brasileiros de suas propriedades – algumas adquiridas há mais de um século – e transformar a fronteira do Brasil com a Venezuela em uma “terra de ninguém”, é óbvio que o STF decidiria pela segunda opção. A única incógnita se situava em qual a desculpa (leia-se fundamento jurídico) que seria dada para o disparate. O Ministro Menezes Direito não se fez de rogado e só faltou invocar Tupã para justificar sua decisão.

No fim, ao menos para este escriba, ficou um gostinho de “quero mais”. Ora, se os índios são os verdadeiros donos da terra, conforme sustentam os padrecos de cocar, os intelectuais petistas e agora o próprio STF, então o Estado brasileiro deveria estender essa definição para todo o território nacional. O governo petista deveria firmar acordos internacionais com Portugal, Itália, Espanha, Japão e outros países de onde nossos antepassados saíram para tentar a vida por essas bandas, garantindo nosso regresso para lá. O Estado brasileiro pagaria – como indenização pelos bens amealhados por aqui – as passagens áreas e algum dinheiro para nosso reinício no novo país. O território brasileiro, assim, ficaria inteiramente à livre para os silvícolas que poderiam dispor dele como bem quisessem.

Para que a medida não soasse meio, digamos assim, hipócrita, todos os apoiadores da teoria do direito indígena ancestral, aí incluídos o Partido dos Trabalhadores em massa, os Ministros do STF, os padres de passeata e a esquerda festiva nacional, estariam excluídos da medida e deveriam viver no novo Brasil e governados ad aeternum pelo grande cacique nove dedos.

Se a decisão do STF acerca da reserva Raposa Serra do Sol fosse para levar a sério, eu apoiaria a medida de imediato. Deixaria com alegria os poucos bens que amealhei aos meus irmãozinhos de pele vermelha e, resignado, retornaria para a Europa, de onde vieram meus ancestrais (talvez até imitando o gesto de Carlota Joaquina ao voltar para Portugal). E você leitor?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Novo Brasil

Nos idos da década de 20, meu bisavô Caetano chegou ao Brasil, recém-casado, com uma filha de 4 anos em u’a mão e outro no ventre de minha bisavó. Fugia da situação caótica que a 1ª guerra mundial deixara em toda a Europa e buscava “fazer a América”. Dinheiro trazia pouquíssimo – só o suficiente para sobreviver um ou dois meses.

Meu bisavô, como muitos imigrantes que aqui aportaram, arrumou trabalho na lavoura de café. Posteriormente, transferiu-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou como “motorista de madame”. Cerca de quinze anos após sua chegada, finalmente conseguiu arrendar um “carro de praça”, com o qual trabalhou até o fim da vida, conseguindo formar – não só os dois filhos que aqui chegaram com ele – mas também outros cinco, “encomendados” depois.

Meu avô começou a trabalhar aos 14 anos de idade como entregador de carne em um açougue. Trabalhava sol a sol em cima de uma bicicleta e estudava durante a noite em escola pública. Terminou a vida como comerciante de automóveis e, como tal, pôde proporcionar à minha mãe educação numa das melhores escolas paulistanas (Dante Allighere) e deixá-la em situação patrimonial razoavelmente confortável após sua morte.

Qual o grande mérito de meu bisavô e meu avô?

Nenhum. Eles simplesmente fizeram aquilo que sempre foi feito em qualquer parte do mundo e, tal qual milhares de imigrantes que aqui chegaram vindos de todas as partes do mundo, construíram seu patrimônio a partir do nada tão somente com o suor do próprio trabalho. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, diversos brasileiros, inclusive, constroem do nada seu patrimônio com o suor do próprio trabalho da mesma forma que seus antepassados fizeram aqui no Brasil.

Por outro lado, nosso país vem a décadas privilegiando o ostracismo, a esperteza e a vagabundagem em detrimento do trabalho honesto. Em um país vasto e rico como o Brasil, trabalhar se tornou uma atividade que não vale a pena.

A classe média, tradicional e mundialmente reconhecida por ser a mola motora de crescimento da economia, já que emprega e consome, em nosso “novo Brasil”, resume-se à simples financiadora de um Estado que nada lhe devolve em troca por meio de serviços. Paga tributos escorchantes ao Estado e paga em dobro, eis que por não ter opções decentes de educação, saúde e segurança, tem que procurar tais serviços na iniciativa privada, que também paga altos tributos e os embute no preço passado à classe média.

O dinheiro arrecadado, afora os mensalões, dólares na cueca e outras “aloprações” da “companherada”, é utilizado para a cruel transformação da classe pobre brasileira em um verdadeiro curral: Pagam-se esmolas oficiais que, dentre outros requisitos, levam em conta o número de filhos para a quantificação da “benesse”, ou seja, incentiva-se o pobre a produzir mais eleitores fiéis, dispostos a apoiar qualquer coisa que o “líder carismático” e sua trupe propuserem, desde que recebam a paga mensal por isso.
No “novo Brasil” não se comemora o sucesso pessoal, ao contrário, ele é repudiado como algo vergonhoso e até arriscado. Quantos não são os milionários que prescindem de um automóvel importado para andar em um popular, a fim de evitar serem alvos da violência?

Naquela época descrita no início deste texto, o cidadão se orgulhava em dizer que havia começado do nada e construído este ou aquele patrimônio. Hoje, o indivíduo orgulha-se de “entrar na caixa” por causa de uma tendinite ou algo que o valha e continuar trabalhando informalmente, solapando recursos de outros que realmente precisam. É a homenagem à esperteza em detrimento da honestidade.

O certo é ser pobre, carente e dependente do Estado. Se você não se enquadra nestas características, parabéns: És mais um trouxa escalado para sustentar uma horda cada vez maior de “necessitados”. Se não concordas, que procure um “coiote” e vá tentar a vida nos “estates”.

O grande problema neste novo Brasil é que a conta não fecha por um motivo muito simples: deixamos de ser uma nação que mantém uma ficção jurídica chamada Estado, criada para fomentar as potencialidades de cada indivíduo, e nos tornamos um povo que tem como única e exclusiva função, a manutenção de um Estado formado por meia dúzia de privilegiados que tudo faz para barrar o desenvolvimento de nossas potencialidades individuais.

O nome disso não é democracia e nem tampouco república. O nome disso é – pasmem os leitores – FEUDALISMO. Sistema extinto no resto do mundo há pelo menos três séculos, e que se caracterizava, dentre outras coisas, pela cobrança confiscatória de tributos da plebe por um nobre, que em troca nada tinha que fazer senão permitir ao coitado que vivesse em suas terras. Qualquer semelhança com o novo Brasil não é mera coincidência.

Diante deste quadro, que não é grave, mas ridículo, restam às elites pensantes do Brasil perderem a vergonha de assim se assumirem e irem à luta. De nada nos adianta sentarmos e aguardarmos que, novamente, os militares saiam das casernas para nos salvar.

A última coisa que necessitamos é de uma “quartelada” sem explícito apoio popular, que somente serviria de pretexto para o recrudescimento do autoritarismo já verificado da “companherada”. O povo que quer ter a oportunidade de construir uma nação grande, pujante e soberana e que não quer que seus filhos virem escravos de um Estado cada vez mais faminto e sufocante, deve ir às ruas e deixar clara e inconteste, à moda antiga mesmo, a sua insatisfação. No momento em que isso acontecer, qualquer movimento de mudança se tornará legítimo, eis que nascido do clamor de uma nação.

Nesta batuta, se é necessário que alguém inicie este processo de auto-assunção, pois então lá vou eu:

“Sou da elite brasileira. Tenho orgulho de tal porque assim sou graças ao trabalho árduo meu e de gerações de meus antepassados que, sem a ajuda ou esmola de ninguém, se livraram da miséria. Quero as mesmas oportunidades para os meus filhos.”

segunda-feira, 10 de julho de 2006

CRÔNICA DO DIA - SÔ TRABAIADÔ SEU DOTÔ


É ao mesmo tempo triste e interessante a distorção cultural que vemos gradativamente tomar força no Brasil e que, com a ascensão do PT ao poder tomou proporções alarmantes. Trata-se do cultivo do paternalismo demagógico, da equivocada idéia de que “distribuição de renda” se configura em simplesmente tirar dos ricos, não importando o fato de que o cidadão laborou arduamente uma vida inteira para angariar essa condição, para dar graciosamente aos pobres, sustentando-os ao invés de ensina-los – e em alguns casos até mesmo forçá-los – a buscar seu próprio sustento.

Propaga-se pela mídia pelos órgãos governamentais, a imagem romântica daquele pobre brejeiro, humilde e inocente, que aceita as dificuldades que lhe são impostas sempre com um sorrisinho resignado no rosto. Esse personagem, contudo, está em franca extinção. O indivíduo que o substitui têm sido doutrinado, durante pelo menos duas décadas, a crer que só tem direito e nenhum dever. Criou-se, então, o sujeito astuto, que mede os passos e os atos, dotado de uma brejeirice e humildade dissimulada. Seu real anseio não é uma possibilidade de ascender financeira e socialmente pelo próprio trabalho honesto, e sim que aqueles que assim o fizeram promovam o seu sustento e o de sua família.

Deixando de lado um pouco o irritante e vazio discurso “politicamente correto”, podemos observar aqui e acolá exemplos da existência desse novo tipo de pobre, que celebra como máxima justificadora de seus atos o princípio do “sô trabaiadô seu dotô”.

Utilizemos, de início, o exemplo dos chamados “flanelinhas”. Criação típica do folclore do absurdo brasileiro, trata-se de um sujeito que cobra dinheiro para que o cidadão estacione seu veículo na via pública que ele considera de sua propriedade. De acordo com o princípio do “sô trabaiadô seu doto”, aquela via é dele, não obstante o cidadão honesto arcar com pesados tributos que, ao menos em tese, garantiriam a ele o direito de estacionar seu veículo gratuitamente ali. Caso o “aluguel” da vaga não seja pago, o indivíduo, tal qual legítimo proprietário defendendo sua posse, se dá ao direito de danificar o patrimônio do “invasor”.

Da mesma forma, o indivíduo que, devidamente munido de um dos seus muitos filhos, percorre os veículos parados nos semáforos pedindo “uma moedinha”. Experimente o leitor perguntar a um desses indivíduos porquê deveria lhe dar dinheiro e receberá a máxima “sô trabaiadô seu dotô” e isso basta. Não são todos, mas muitos tem acesso à oportunidades de trabalho formal, que, contudo, não lhes interessa, já que isso significa trabalhar arduamente, talvez por uma remuneração menor do que aquela que auferem pedindo.
Frise-se que aqui não se defende o abandono dos descamisados. O que é preciso distinguir é o necessitado do oportunista: aquele sujeito que espera que o Estado lhe de tudo sem qualquer esforço. O necessitado merece auxilio na exata proporção de suas necessidades, para que as supere e comece a produzir por si só. Ao oportunista deve-se reservar nada mais que o rigor da Lei.

O caso do MST é exemplar. Apesar de se auto intitularem Movimento dos Trabalhadores (sô trabaiadô seu dotô) Sem Terra, a única coisa que não se vê são seus integrantes trabalhando. Promovem invasões, incitam a violência, destroem propriedades que muitas vezes foram erigidas com décadas de trabalho árduo, mas de labuta propriamente não se fala.

Experimente o leitor visitar um acampamento desse movimento e o que se verificará é uma orbe de pessoas batendo papo ou reunidas em conchavos políticos que não guardam qualquer relação com a lide no campo. O Governo atual, cego e impotente diante de uma organização que pode ser intitulada como paramilitar, ao incentivar suas ações e a própria existência deste movimento, manda um recado claro para os poucos “pobres à moda antiga” que ainda existem nesse país: “Desistam de lutar por uma vida melhor. Usem a credencial sô trabaiadô seu dotô”.

Ao invés disso, uma atitude inteligente seria reerguer a classe média no país, reduzindo drasticamente os juros agióticos aqui cobrados e impondo uma carga tributária condizente com a realidade. A classe média historicamente sempre foi a engrenagem principal de qualquer sociedade. É ela que fomenta o consumo, aumentando a produção da indústria e conseqüentemente gerando empregos.

Com uma classe media encurralada por juros estratosféricos, tributos confiscatórios, e ainda ameaçada em seu patrimônio pelos detentores da credencial “sô trabaiadô seu dotô”, a indústria não produz, gerando mais desemprego e mais detentores da indigitada credencial.

Ao mesmo tempo, deve-se restabelecer a cultura de incentivo ao trabalho honesto e desestímulo das práticas parasitárias. O camelô que vende tênis falsificado em frente à uma loja de sapatos que funciona na formalidade, não deve ser tratado como trabalhador e sim como um infrator da lei, tal qual o flanelinha, o pedinte oportunista e o invasor da propriedade privada.

Não é a condescendência demagógica e irresponsável que irá extinguir a pobreza em nosso País, mas sim o incentivo à produção e ao trabalho honesto e formal.

Quem avisa amigo é

Enquanto nosso povo não descartar, vez por todas, o comodismo de acreditar em líderes messiânicos e "salvadores da pátria" que erradicarão em um passe de mágica todas as agruras nacionais, estaremos sempre sucetíveis a todo tipo de louco e mal intencionado. O atual governo, que deveria servir de lição definitiva aos brasileiros de que o lobo costuma se disfarçar de cordeiro para atacar o rebanho, ao que tudo indica ainda não foi suficientemente catastrófico para que nosso povo expurgue de vez algumas figurinhas carimbadas do cenário político nacional.
O novo "messias" brasileiro usa saias, atende pelo nome de Heloísa Helena e - da mesma forma que o nosso atual presidente fazia outrora - posa de vestal da ética e honestidade. O que preocupa é que muita gente já pensa em confiar seu voto à esta senhora tão somente por acreditar que ela seria a versão "pura" de Lula e sua substituta natural, já que este teria se "emburguesado", esquecendo suas raízes de trabalhador humilde.
O perigo que essa definição da estridente senadora representa não poderia ser melhor traduzido do que nas palavras dos participantes da reunião de lançamento da sua candidatura à Presidencia da República, ocorrida no último dia 06, na Cinelândia - Rio de Janeiro.
Dentre as "brilhantes" idéias defendidas nesta reunião, destacam-se pérolas como a reestatização da Companhia Vale do Rio Doce, e até a tomada do poder pela luta armada - proposta que o Brasil não ouvia tão claramente desde os idos de 1964.
“Nossa meta é eleger Heloísa Helena pelo voto, mas a implantação de um regime socialista por meio do uso de armas também não está descartada”, bradou Victor Madeira, dirigente do Partido Comunista Revolucionário (PCR), legenda sem registro no Tribuna Regional Eleitoral (TRE) que apóia a candidatura da senadora. Para quem não sabe, o PCR é uma dissidência do PCB criada na época do governo militar e que fora responsável por um sem número de sequestros, assaltos a banco, atentados a bomba e "justiçamentos" (assassinatos) nas décadas de 60 e 70. Ao que tudo indica, a mentalidade de seus líderes continua gravitando nessa época ultrapassada de nossa história. “Se me perguntarem se fazemos treinamentos com armas, não vou dizer que sim e também que não. Obviamente não vamos entregar o jogo”, disse Madeira, que é diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais.
Ações “por meios não institucionais” também foram defendidas pelo candidato a deputado federal pelo PCB Ilan Pinheiro. “Venceremos pelo voto, mas não descartamos uma militância por meios não institucionais”, disse. O discurso do dirigente do PCB acabou empolgando a própria senadora, que escolheu como seu vice o ex-guerrilheiro e dissidente do PT César Benjamin. Heloísa Helena dedicou sua campanha aos mortos durante o regime militar.

“Não perdôo traição. O próprio companheiro César foi torturado nos porões, mas nem por isso entregou os seus companheiros”, discursou a candidata, que acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de trair o povo brasileiro e disse que entrou na campanha para “infernizar” a vida de Lula e do candidato tucano Geraldo Alckmin. “Vamos trabalhar para infernizar a vida desses homenzinhos”, disse para cerca de 500 militantes, segundo a Polícia Militar.
Diante de tantas e tamanhas sandices, resta aos homens e mulheres de bem dessa nação rezar para que o povo brasileiro não se deixe levar por mais esse "canto da sereia" que poderá representar a destruição de todos os princípíos democráticos que tanto lutamos para conquistar.
Olho vivo meu povo. Quem avisa amigo é!

quinta-feira, 6 de julho de 2006

CRONICA DO DIA - A LOTERIA

Em uma cidade do interior, dois sujeitos ganharam na loteria. Ambos eram membros da classe média baixa, eram casados e tinham dois filhos. Viviam em imóvel alugado, os filhos estudavam em escola pública e não possuíam convenio de saúde.

Os dois adotaram o mesmo critério inicial para a utilização do prêmio – uma verdadeira fortuna. Dividiram o valor em quatro partes, cada uma representando um membro da família. A partir daí, tomaram caminhos opostos:
O indivíduo “A” pegou a parte que competia a ele e a sua esposa e comprou um imóvel próprio para que não tivessem mais despesas com aluguel. O restante do dinheiro aplicou em fundos de investimento que lhe garantiam uma boa rentabilidade mensal. Enquanto não houvesse dificuldade financeira, poderia dar algum luxo à sua família e aumentar seu patrimônio, adquirindo outros imóveis que pudesse alugar e aumentar ainda mais sua renda mensal.
A parte destinada aos filhos foi aplicada em uma poupança. Todo mês, tirava um pouco do rendimento conseguido com a aplicação e podia pagar uma boa escola particular aos dois e um plano de saúde “top de linha”. Se sobrasse, dava um pouco para que eles satisfizessem seus desejos pessoais. É claro que os meninos não gostaram nada da idéia e achavam uma tremenda crueldade do pai dizer que o dinheiro era deles e não deixá-los gastar como melhor lhes aprouvessem.
Passam-se 15 anos e o cidadão “A” reside em uma bela casa. Sua fortuna pessoal é capaz de proporcionar uma vida de conforto para seus filhos e seus netos, já que conseguiu adquirir dezenas de imóveis e ações de empresas, além de possuir um sem número de aplicações bancárias. Seus filhos cursaram universidade, pós-graduação e até um mestrado no exterior e hoje são empregados em altos cargos de empresas sólidas. O mais novo sofreu muito na adolescência por causa de um problema cardíaco, mas graças ao plano de saúde que dispunha, pôde receber o melhor tratamento existente na época e hoje goza de saúde perfeita. Não acham mais o pai um sujeito cruel, mas sim um indivíduo sábio, que lhes proporcionou a vida que desfrutam atualmente.
O indivíduo “B” utilizou-se da parte que cabia a ele e deu a maior festa que o bairro já havia presenciado. Como todos ficaram sabendo que havia ganhado na loteria, na festa foi organizada uma fila de pessoas para lhe fazer pedidos pessoais. Bondosamente atendeu a todos. Desde dinheiro para um tratamento dentário da mãe da vizinha da esquerda, até um empréstimo para fazer um “puxadinho” na casa do senhor da rua de trás, todos foram atendidos e prometeram devolver o dinheiro o quanto antes. Virou o herói do bairro. Comprou uma belíssima residência, também saindo do aluguel e nada mais. A parte dos filhos ele deu pessoalmente a cada um para gastarem como bem entendessem. Um comprou três bicicletas e vários brinquedos da moda o outro, mais velho, comprou a moto mais cara do mercado, roupas, sapatos, computador e ainda sobrou um pouquinho para perder a virgindade com duas modelos que foram capa de revista masculina. Ele era considerado o melhor pai do mundo.
Passaram-se os mesmos 15 anos. Vamos encontrar o indivíduo “B” residindo em um barraco construído em um terreno invadido da prefeitura. Ele conta agora com 67 anos, mas trabalha como gari. Acontece que quando perdeu seu emprego anterior e as contas começaram a vencer, passou a cobrar os vizinhos e amigos o dinheiro que havia emprestado. A resposta em geral foi negativa, sendo taxado de mercenário pela vizinha da esquerda, cuja mãe ainda lhe sorriu com os dentes novos. O senhor da rua de trás o denunciou na delegacia como agiota, o que lhe rendeu um processo criminal e mais despesas com advogado. Outro colega de trabalho a quem emprestara dinheiro, para lhe “facilitar a vida” propôs lhe conceder um empréstimo a juros extorsivos. Sem alternativa, vendeu a casa, sobreviveu com o dinheiro alguns anos e depois achou o terreno, onde construiu o barraco.
Os filhos também não tiveram sorte na vida. O mais velho faleceu há alguns anos, quando caiu de moto e não encontrou vaga no pronto socorro municipal. O mais novo concluiu o ensino médio, mas está a dois anos desempregado e vive às custas do pai. O Chama de fracassado diariamente. Em seus momentos de reflexão, o indivíduo “B” costuma pensar: “maldita hora que eu fui ganhar aquele prêmio da loteria”.

quarta-feira, 5 de julho de 2006

CRONICA DO DIA - A TRISTE HISTÓRIA DE DONA ZELITE

Havia em uma pequena cidade do interior, uma rica fazendeira chamada Zelite. Era uma senhora de idade já, mas muito justa. Em sua fazenda, residiam centenas de colonos que trabalhavam para ela.

Além de pagar o salário dos colonos, dona Zelite ainda comprava as obras de artesanato que sua famílias produziam, o que lhes proporcionava um ganho além dos salários.

Como era uma senhora de idade, deixava toda a administração da fazenda nas mãos de um de seus colonos, que era escolhido dentre os mais cultos – dona Zelite proporcionava a verba para a construção de escolas na fazenda – ou preparados dentre todos.

Quando um colono realmente se destacava, era comum que pedisse as contas, deixasse as terras de dona Zelite e fosse pelo mundo, adquirir ele próprio uma fazenda e dirigir seus colonos.

Tudo ia bem, até que surgiu dentre os trabalhadores da fazenda, um sujeito raivoso, indignado com tudo e com todos, que só fazia reclamar. Seu nome era Paulo de Tarso. Dono de uma grande retórica, passou a convencer os demais colonos de que Dona Zelite era uma pessoa má, que explorava a todos e que não zelava pelos mais pobres. A princípio achavam Paulo de Tarso um maluco, mas de tanto insistir na mesma história, começou a angariar adeptos às suas ideias.

Primeiro, começou a exigir que Dona Zelite diminuísse a jornada de trabalho dos colonos, ao mesmo tempo em que aumentava o salário deles. Acuada e muito embora não entendesse a reivindicação, já que – no seu raciocínio – seus colonos deveriam desejar trabalhar mais para ganhar mais, acabou concordando.

Paulo de Tarso então, passou a bradar que a dona Zelite era culpada pelos ladrões de galinha que vez ou outra invadiam suas terras porque não dava oportunidade para eles terem suas próprias fazendas. Exigia que ela não chamasse a policia quando encontrasse um ladrão de galinha, e sim que deixasse o mesmo se instalar e residir na fazenda com os demais colonos.

Dona Zelite, achou a idéia maluca, pois entendia que não era culpada se uma pessoa prefere roubar galinha a trabalhar duro pra comprar sua fazenda, mas como seus colonos já não eram mais os mesmos e seguiam fielmente tudo o que Paulo de Tarso bradava, acabou concordando, na esperança de que eles entendessem por si próprios como era falho esse raciocínio.

Paulo de Tarso, então, começou a reclamar que dona Zelite era preconceituosa porque não deixava um cara como ele ser administrador da fazenda e incitou os colonos a convencerem-na a aceitá-lo no cargo. Após muita discussão e a promessa de Paulo de Tarso de que iria cuidar com muito zelo das terras, dona Zelite aceitou a proposta. Paulo de Tarso foi conduzido nos braços dos colonos à sede administrativa da fazenda.

Seu primeiro ato foi criar diversos cargos de assessoria e ocupá-los com amigos pessoais, estipulando salários exorbitantes para cada um.

Inventou que os ladrões de galinha que haviam sido presos e que agora viviam a perambular pela fazenda sem fazer nada de útil, deveriam ser indenizados pelo tempo que ficaram presos. E assim foi feito.

O dinheiro que dona Zelite lhe fornecia todo mês para custear as despesas da fazenda não estava sendo suficiente, em vista do aumento da folha de pagamento da administração, das indenizações aos ladrões de galinha e a uma soma que – estranhamente – sempre sumia da contabilidade. Passou então, a cada mês, a abrir mão de parte de seu lucro para complementá-lo.

Por causa disso, foi obrigada a deixar de comprar o artesanato das famílias dos colonos, que passaram a ter que viver exclusivamente de seus salários.

Paulo de Tarso passou então, a contribuir com o sustento dos colonos da fazenda vizinha, incitando-os da mesma forma contra seus patrões. Determinou então, que toda a colheita – cujas sementes dona Zelite adquiria e fornecia aos colonos gratuitamente – era de propriedade dos trabalhadores e estes deveriam dar à Dona Zelite somente o suficiente para que ela se alimentasse. Bradou então, que quem não quisesse trabalhar não precisava, pois ele distribuiria a receita da fazenda pra todo mundo, mesmo àqueles que em nada haviam contribuído.

Combalida, cheia de dívidas, sem dinheiro e recebendo comida insuficiente para se alimentar de forma saudável, dona Zelite veio a falecer. No enterro, Paulo de Tarso convenceu até os colonos mais tristes com o ocorrido, de que assim seria melhor, já que a fazenda seria de todos.

O estranho é que, no dia seguinte ao enterro, Paulo de Tarso mudou-se para a casa sede e proibiu todos os colonos de chegarem a menos de cem metros da suntuosa mansão, sob pena de serem mortos a tiro. Colocou jagunços vigiando a propriedade diuturnamente. Sete dias após o enterro, baixou nota determinando – em face da falta de verba para compra de sementes, ante a morte de dona Zelite - que toda a produção da fazenda deveria ser enviada à casa sede, onde seria distribuída aos colonos segundo as necessidades básicas de alimentação de cada um.

Dona Zelite, na fazenda Brasil, já está em coma. Ninguém vai demitir Paulo de Tarso??