Nos idos da década de 20, meu bisavô Caetano chegou ao Brasil, recém-casado, com uma filha de 4 anos em u’a mão e outro no ventre de minha bisavó. Fugia da situação caótica que a 1ª guerra mundial deixara em toda a Europa e buscava “fazer a América”. Dinheiro trazia pouquíssimo – só o suficiente para sobreviver um ou dois meses.
Meu bisavô, como muitos imigrantes que aqui aportaram, arrumou trabalho na lavoura de café. Posteriormente, transferiu-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou como “motorista de madame”. Cerca de quinze anos após sua chegada, finalmente conseguiu arrendar um “carro de praça”, com o qual trabalhou até o fim da vida, conseguindo formar – não só os dois filhos que aqui chegaram com ele – mas também outros cinco, “encomendados” depois.
Meu avô começou a trabalhar aos 14 anos de idade como entregador de carne em um açougue. Trabalhava sol a sol em cima de uma bicicleta e estudava durante a noite em escola pública. Terminou a vida como comerciante de automóveis e, como tal, pôde proporcionar à minha mãe educação numa das melhores escolas paulistanas (Dante Allighere) e deixá-la em situação patrimonial razoavelmente confortável após sua morte.
Qual o grande mérito de meu bisavô e meu avô?
Nenhum. Eles simplesmente fizeram aquilo que sempre foi feito em qualquer parte do mundo e, tal qual milhares de imigrantes que aqui chegaram vindos de todas as partes do mundo, construíram seu patrimônio a partir do nada tão somente com o suor do próprio trabalho. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, diversos brasileiros, inclusive, constroem do nada seu patrimônio com o suor do próprio trabalho da mesma forma que seus antepassados fizeram aqui no Brasil.
Por outro lado, nosso país vem a décadas privilegiando o ostracismo, a esperteza e a vagabundagem em detrimento do trabalho honesto. Em um país vasto e rico como o Brasil, trabalhar se tornou uma atividade que não vale a pena.
A classe média, tradicional e mundialmente reconhecida por ser a mola motora de crescimento da economia, já que emprega e consome, em nosso “novo Brasil”, resume-se à simples financiadora de um Estado que nada lhe devolve em troca por meio de serviços. Paga tributos escorchantes ao Estado e paga em dobro, eis que por não ter opções decentes de educação, saúde e segurança, tem que procurar tais serviços na iniciativa privada, que também paga altos tributos e os embute no preço passado à classe média.
O dinheiro arrecadado, afora os mensalões, dólares na cueca e outras “aloprações” da “companherada”, é utilizado para a cruel transformação da classe pobre brasileira em um verdadeiro curral: Pagam-se esmolas oficiais que, dentre outros requisitos, levam em conta o número de filhos para a quantificação da “benesse”, ou seja, incentiva-se o pobre a produzir mais eleitores fiéis, dispostos a apoiar qualquer coisa que o “líder carismático” e sua trupe propuserem, desde que recebam a paga mensal por isso.
No “novo Brasil” não se comemora o sucesso pessoal, ao contrário, ele é repudiado como algo vergonhoso e até arriscado. Quantos não são os milionários que prescindem de um automóvel importado para andar em um popular, a fim de evitar serem alvos da violência?
Naquela época descrita no início deste texto, o cidadão se orgulhava em dizer que havia começado do nada e construído este ou aquele patrimônio. Hoje, o indivíduo orgulha-se de “entrar na caixa” por causa de uma tendinite ou algo que o valha e continuar trabalhando informalmente, solapando recursos de outros que realmente precisam. É a homenagem à esperteza em detrimento da honestidade.
O certo é ser pobre, carente e dependente do Estado. Se você não se enquadra nestas características, parabéns: És mais um trouxa escalado para sustentar uma horda cada vez maior de “necessitados”. Se não concordas, que procure um “coiote” e vá tentar a vida nos “estates”.
O grande problema neste novo Brasil é que a conta não fecha por um motivo muito simples: deixamos de ser uma nação que mantém uma ficção jurídica chamada Estado, criada para fomentar as potencialidades de cada indivíduo, e nos tornamos um povo que tem como única e exclusiva função, a manutenção de um Estado formado por meia dúzia de privilegiados que tudo faz para barrar o desenvolvimento de nossas potencialidades individuais.
O nome disso não é democracia e nem tampouco república. O nome disso é – pasmem os leitores – FEUDALISMO. Sistema extinto no resto do mundo há pelo menos três séculos, e que se caracterizava, dentre outras coisas, pela cobrança confiscatória de tributos da plebe por um nobre, que em troca nada tinha que fazer senão permitir ao coitado que vivesse em suas terras. Qualquer semelhança com o novo Brasil não é mera coincidência.
Diante deste quadro, que não é grave, mas ridículo, restam às elites pensantes do Brasil perderem a vergonha de assim se assumirem e irem à luta. De nada nos adianta sentarmos e aguardarmos que, novamente, os militares saiam das casernas para nos salvar.
A última coisa que necessitamos é de uma “quartelada” sem explícito apoio popular, que somente serviria de pretexto para o recrudescimento do autoritarismo já verificado da “companherada”. O povo que quer ter a oportunidade de construir uma nação grande, pujante e soberana e que não quer que seus filhos virem escravos de um Estado cada vez mais faminto e sufocante, deve ir às ruas e deixar clara e inconteste, à moda antiga mesmo, a sua insatisfação. No momento em que isso acontecer, qualquer movimento de mudança se tornará legítimo, eis que nascido do clamor de uma nação.
Nesta batuta, se é necessário que alguém inicie este processo de auto-assunção, pois então lá vou eu:
“Sou da elite brasileira. Tenho orgulho de tal porque assim sou graças ao trabalho árduo meu e de gerações de meus antepassados que, sem a ajuda ou esmola de ninguém, se livraram da miséria. Quero as mesmas oportunidades para os meus filhos.”
Meu bisavô, como muitos imigrantes que aqui aportaram, arrumou trabalho na lavoura de café. Posteriormente, transferiu-se para a cidade de São Paulo, onde trabalhou como “motorista de madame”. Cerca de quinze anos após sua chegada, finalmente conseguiu arrendar um “carro de praça”, com o qual trabalhou até o fim da vida, conseguindo formar – não só os dois filhos que aqui chegaram com ele – mas também outros cinco, “encomendados” depois.
Meu avô começou a trabalhar aos 14 anos de idade como entregador de carne em um açougue. Trabalhava sol a sol em cima de uma bicicleta e estudava durante a noite em escola pública. Terminou a vida como comerciante de automóveis e, como tal, pôde proporcionar à minha mãe educação numa das melhores escolas paulistanas (Dante Allighere) e deixá-la em situação patrimonial razoavelmente confortável após sua morte.
Qual o grande mérito de meu bisavô e meu avô?
Nenhum. Eles simplesmente fizeram aquilo que sempre foi feito em qualquer parte do mundo e, tal qual milhares de imigrantes que aqui chegaram vindos de todas as partes do mundo, construíram seu patrimônio a partir do nada tão somente com o suor do próprio trabalho. Hoje, na Europa e nos Estados Unidos, diversos brasileiros, inclusive, constroem do nada seu patrimônio com o suor do próprio trabalho da mesma forma que seus antepassados fizeram aqui no Brasil.
Por outro lado, nosso país vem a décadas privilegiando o ostracismo, a esperteza e a vagabundagem em detrimento do trabalho honesto. Em um país vasto e rico como o Brasil, trabalhar se tornou uma atividade que não vale a pena.
A classe média, tradicional e mundialmente reconhecida por ser a mola motora de crescimento da economia, já que emprega e consome, em nosso “novo Brasil”, resume-se à simples financiadora de um Estado que nada lhe devolve em troca por meio de serviços. Paga tributos escorchantes ao Estado e paga em dobro, eis que por não ter opções decentes de educação, saúde e segurança, tem que procurar tais serviços na iniciativa privada, que também paga altos tributos e os embute no preço passado à classe média.
O dinheiro arrecadado, afora os mensalões, dólares na cueca e outras “aloprações” da “companherada”, é utilizado para a cruel transformação da classe pobre brasileira em um verdadeiro curral: Pagam-se esmolas oficiais que, dentre outros requisitos, levam em conta o número de filhos para a quantificação da “benesse”, ou seja, incentiva-se o pobre a produzir mais eleitores fiéis, dispostos a apoiar qualquer coisa que o “líder carismático” e sua trupe propuserem, desde que recebam a paga mensal por isso.
No “novo Brasil” não se comemora o sucesso pessoal, ao contrário, ele é repudiado como algo vergonhoso e até arriscado. Quantos não são os milionários que prescindem de um automóvel importado para andar em um popular, a fim de evitar serem alvos da violência?
Naquela época descrita no início deste texto, o cidadão se orgulhava em dizer que havia começado do nada e construído este ou aquele patrimônio. Hoje, o indivíduo orgulha-se de “entrar na caixa” por causa de uma tendinite ou algo que o valha e continuar trabalhando informalmente, solapando recursos de outros que realmente precisam. É a homenagem à esperteza em detrimento da honestidade.
O certo é ser pobre, carente e dependente do Estado. Se você não se enquadra nestas características, parabéns: És mais um trouxa escalado para sustentar uma horda cada vez maior de “necessitados”. Se não concordas, que procure um “coiote” e vá tentar a vida nos “estates”.
O grande problema neste novo Brasil é que a conta não fecha por um motivo muito simples: deixamos de ser uma nação que mantém uma ficção jurídica chamada Estado, criada para fomentar as potencialidades de cada indivíduo, e nos tornamos um povo que tem como única e exclusiva função, a manutenção de um Estado formado por meia dúzia de privilegiados que tudo faz para barrar o desenvolvimento de nossas potencialidades individuais.
O nome disso não é democracia e nem tampouco república. O nome disso é – pasmem os leitores – FEUDALISMO. Sistema extinto no resto do mundo há pelo menos três séculos, e que se caracterizava, dentre outras coisas, pela cobrança confiscatória de tributos da plebe por um nobre, que em troca nada tinha que fazer senão permitir ao coitado que vivesse em suas terras. Qualquer semelhança com o novo Brasil não é mera coincidência.
Diante deste quadro, que não é grave, mas ridículo, restam às elites pensantes do Brasil perderem a vergonha de assim se assumirem e irem à luta. De nada nos adianta sentarmos e aguardarmos que, novamente, os militares saiam das casernas para nos salvar.
A última coisa que necessitamos é de uma “quartelada” sem explícito apoio popular, que somente serviria de pretexto para o recrudescimento do autoritarismo já verificado da “companherada”. O povo que quer ter a oportunidade de construir uma nação grande, pujante e soberana e que não quer que seus filhos virem escravos de um Estado cada vez mais faminto e sufocante, deve ir às ruas e deixar clara e inconteste, à moda antiga mesmo, a sua insatisfação. No momento em que isso acontecer, qualquer movimento de mudança se tornará legítimo, eis que nascido do clamor de uma nação.
Nesta batuta, se é necessário que alguém inicie este processo de auto-assunção, pois então lá vou eu:
“Sou da elite brasileira. Tenho orgulho de tal porque assim sou graças ao trabalho árduo meu e de gerações de meus antepassados que, sem a ajuda ou esmola de ninguém, se livraram da miséria. Quero as mesmas oportunidades para os meus filhos.”
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